domingo, 15 de novembro de 2015

Mangá

O mangá (português brasileiro) ou manga (português europeu) (em japonês: 漫画, manga, lit. “história em quadrinhos”), é a palavra usada para designar história em quadrinhos (português brasileiro) ou banda desenhada (português europeu) feita no estilo japonês. No Japão, o termo designa quaisquer histórias em quadrinhos.
Vários mangás dão origem a animes para exibição na televisão, em vídeo ou em cinemas, mas também há o processo inverso em que os animes tornam-se uma edição impressa de história em sequência ou de ilustrações.
A palavra pode ser escrita, em japonês, das seguintes formas: Kanji (漫画), Hiragana (まんが), Katakana (マンガ) e Romaji (Manga).

Características

A ordem de leitura de um mangá japonês é a inversa da ocidental, ou seja, inicia-se da capa do livro com a brochura à sua direita (correspondendo a contracapa ocidental), sendo a leitura das páginas feita da direita para a esquerda. Scott McCloud observa, por exemplo, a presença do que ele chama de efeito de máscara, ou seja, a combinação gráfica de um personagens de quadrinhos com um ambiente realista, como também acontece na linha clara franco-belga. No entanto, nos mangás, podem ser desenhados de forma mais realista ou os personagens ou os objetos (este último quando se quer indicar certos detalhes). Nota-se também o uso de olhos grandes em muitos dos personagens, que tem sua origem na influência da Disney no estilo de Osamu Tezuka.
No mangá, é comum o uso de numerosas linhas paralelas para representar o movimento ou surpresa.

História

Os mangás têm suas raízes no período Nara (século VIII d.C.), com o aparecimento dos primeiros rolos de pinturas japonesas: os emakimono. Eles associavam pinturas e textos que juntos contavam uma história à medida que eram desenrolados. O primeiro desses emakimono, o Ingá Kyô, é a cópia de uma obra chinesa e separa nitidamente o texto da pintura.
A partir da metade do século XII, surgem os primeiros emakimono com estilo japonês. O Genji Monogatari Emaki é o exemplar de emakimono mais antigo conservado, sendo o mais famoso o Chojugiga, atribuído ao bonzo Kakuyu Toba e preservado no templo de Kozangi em Kyoto. Nesses últimos surgem, diversas vezes, textos explicativos após longas cenas de pintura. Os emakimono deram origem aos kamishibai, os teatros de papel ambulante. Essa prevalência da imagem assegurando sozinha a narração é hoje uma das características mais importantes dos mangás.

No período Edo, em que os rolos são substituídos por livros, as estampas eram inicialmente destinadas à ilustração de romances e poesias, mas rapidamente surgem livros para ver em oposição aos livros para ler, antes do nascimento da estampa independente com uma única ilustração: o ukyo-ê no século XVI.

Edição de abril de 1883 da revista satírica The Japan Punch, por Charles Wirgman.

Comparação do trabalho Charles Wirgman (acima) e Kōtarō Nagahara (abaixo) em 1897.

Charles Wirgman foi cartunista britânico que exerceu muita influência sobre o futuro dos mangás. Este cartunista chega em Yokohama em 1861 e no ano seguinte ele criou um jornal satírico, o The Japan Punch onde publicou até 1887, muitos de seus desenhos traziam balões de diálogos. Ele ensinou técnicas ocidentais de desenho e pintura para um grande número de artistas japoneses como Takahashi Yuichi. Influenciados pela The Japan Punch de Wirgman, Kanagaki Robun e Kawanabe Kyosai criaram a primeira revista de mangá em 1874: Eshinbun Nipponchi. Eshinbun Nipponchi tinha um estilo muito simples de desenhos e não se tornou popular. Eshinbun Nipponchi terminou depois de três edições. A revista Kisho Shimbun lançada em 1875 foi inspirado por Eshinbun Nipponchi, que foi seguido por MaruMaru Chinbun em 1877, e, em seguida Garakuta Chinpo em 1879. Shōnen Sekai foi a primeira revista shōnen criada em 1895 por Iwaya Sazanami, um famoso escritor de japonês de literatura infantil. Shōnen Sekai teve uma forte ênfase sobre a Primeira Guerra Sino-Japonesa. Nesse período, os mangás ficaram conhecidos como Ponchi-ê (abreviação de Punch-picture).

Viagem a Tóquio de Tagosaku e Mokube (田吾作と杢兵衛の東京見物, Tagosaku to Mokube no Tokyo Kenbutsu?), 1902.

Capa da primeira edição de Shōjo Sekai

A expansão de técnicas europeias resultou em uma lenta, mas segura produção de artistas nativos japoneses como Kiyochika Kayashi, Takeo Nagamatsu, Ippei Okamoto, Ichiro Suzuki e, especialmente, Rakuten Kitazawa, cujo mangá Tagosaku to Mokube no Tokyo Kenbutsu (田吾作と杢兵衛の東京見物?) (1902) é considerado o primeira mangá no seu sentido moderno. Em 1905, Kitazawa criou sua primeira revista Tokyo Pakku, no mesmo ano, lança Shōjo Sekai, uma versão feminina da Shōnen Sekai, considerada a primeira revista shōjo[11] e a Shonen Pakku , que é considerado revista de mangás para as crianças (kodomo).

Ippei Okamoto

Em 1912, Ippei Okamoto começa a colaborar como cartunista o jornal Asahi Shinbun, ele é responsável pela publicação das tiras americanas Mutt e Jeff de Bud Fisher e Bringing up Father (Pafúncio e Marocas, no Brasil) de George McManus.
Em 1923, Katsuichi Kabashima desenha a tira "As aventuras de Sho-chan" (正チヤンの冒険, Shōchan no bōken??), roteirizado por Oda Nobutsune para o jornal Asahi Graph. Diversas séries comparáveis as de além-mar surgem nos jornais japoneses: Norakuro Joutouhei (Primeiro Soldado Norakuro) uma série antimilitarista de Tagawa Suiho, e Boken Dankichi (As aventuras de Dankichi) de Shimada Keizo são as mais populares até a metade dos anos quarenta, quando toda a imprensa foi submetida à censura do governo, assim como todas as atividades culturais e artísticas. Entretanto, o governo japonês não hesitou em utilizar os quadrinhos para fins de propaganda.

Machiko Hasegawa e Osamu Tezuka, mangakás que iniciaram a carreira no pós-guerra

Sob ocupação americana após a Segunda Guerra Mundial, os mangakas, como os desenhistas são conhecidos, sofrem grande influência das histórias em quadrinhos ocidentais da época, traduzidas e difundidas em grande quantidade na imprensa cotidiana.
Em 1946, surge, o primeiro mangá feito por uma mulher, a tira Sazae-san de Machiko Hasegawa, publicada no jornal Asahi Shimbun. É então que um artista influenciado por Walt Disney, revoluciona esta forma de expressão e dá vida ao mangá moderno: Osamu Tezuka. As características faciais semelhantes às dos desenhos da Disney, onde olhos, boca, sobrancelhas e nariz são desenhados de maneira bastante exagerada para aumentar a expressividade dos personagens tornaram sua produção possível. É ele quem introduz os movimentos nas histórias através de efeitos gráficos, como linhas que dão a impressão de velocidade ou onomatopeias que se integram com a arte, destacando todas as ações que comportassem movimento, mas também, e acima de tudo, pela alternância de planos e de enquadramentos como os usados no cinema. As histórias ficaram mais longas e começaram a ser divididas em capítulos.
Em 1947, Fukujiro Yokoi lança "Fushigina Kuni no Putcha" (Putcha no País das Maravilhas), ambientada mil anos no futuro, a história apresenta o garoto Putcha e o um robô chamado Perii, que é comparado a Tetsuwan Atom (Astro Boy) de Tezuka, lançado em 1952, o autor viria a falecer em 1948, vítima de tuberculose.[16] Ainda em 1947, Tezuka publicou no formato akahon, um mangá escrito por Sakai Shichima, Shin Takarajima (A Nova Ilha do Tesouro), um título de grande de sucesso que chegou a vender 400 mil exemplares.
Osamu Tezuka produz através de seu próprio estúdio, o Mushi Production, a primeira série de animação para a televisão japonesa em 1963, a partir de uma de suas obras: Tetsuwan Atom (Astro Boy). Finalmente a passagem do papel para a televisão tornou-se comum e o aspecto comercial do mangá ganhou amplitude, mas Tezuka não se contentou com isso. Sua criatividade o levou a explorar diferentes gêneros — na sua maioria, os mangás tinham como público-alvo as crianças e jovens —, assim como a inventar outros, participando no aparecimento de mangás para adultos nos anos sessenta com os quais ele pôde abordar assuntos mais sérios e criar roteiros mais complexos. Ele também foi mentor de um número importante de mangakas como Fujiko & Fujio (dupla criadora de Doraemon), Akira "Leiji" Matsumoto, e Shotaro Ishinomori.
Nessa época, mangás eram bastante caros, começaram a surgir compilações em akahons (ou akabons, livros vermelhos), livros produzidos com papel mais barato e capa vermelha e do tamanho dos cartões postais (B6). Assim, os mangás cresceram simultaneamente com seus leitores e diversificaram-se segundo o gosto de um público cada vez mais importante, tornando-se aceitos culturalmente. A edição de mangás representa hoje mais de um terço da tiragem e mais de um quarto dos rendimentos do mercado editorial em seu país de origem. Tornaram-se um verdadeiro fenômeno ao alcançar todas as classes sociais e todas as gerações graças ao seu preço baixo e a diversificação de seus temas. De fato, como espelho social, abordam todos os temas imagináveis: a vida escolar, a do trabalhador, os esportes, o amor, a guerra, o medo, séries tiradas da literatura japonesa e chinesa, a economia e as finanças, a história do Japão, a culinária e mesmo manuais de "como fazer", revelando assim suas funções pedagógicas.
Um artista de kamishibai em Tóquio, apresentando uma história de Ōgon Bat.

Na década de 1930, os kamishibais se tornaram bastante populares, o personagem Ōgon Bat, conhecido no Brasil como Fantomas,  estreou nesse período e chegou a aparecer em um mangá de Osamu Tezuka publicado em 1947 e outro no ano seguinte por seu co-criador, Takeo Nagamatsu. além de um filme de 1966 estrelado por Sonny Chiba e um anime lançado no ano seguinte. artistas como Shigeru Mizuki, Goseki Kojima e Sanpei Shirato, começaram fazendo kamishibais e migraram para os mangás.

Em 1957, Yoshihiro Tatsumi cunhou o termo gekigá (劇画? lit. figuras dramáticas) para definir seus mangás de temáticas adultas. 



Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Mang%C3%A1
Aluno: Mateus Sassaki




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